VÍTIMA DO CÉSIO-137 SERÁ INDENIZADA POR DANOS MORAIS
Em decisão inédita, Justiça
condena União e Comissão Nacional de Energia Nuclear a pagar R$ 100 mil à
vítima
25 de junho de 2012 |
22h 30
GOIÂNIA- A Justiça Federal em Goiás condenou ontem a União e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a pagar indenização de R$100 mil por danos morais a Suely de Assis da Cunha, uma das vítimas do acidente com o césio-137, material altamente radioativo, em Gioânia.
Na sentença inédita, o juiz da
9.ª Vara Federal Euler de Almeida da Silva Júnior determinou que o dinheiro a
ser pago deverá ser atualizado com correção monetária de 1% ao mês, a partir de
5 de fevereiro de 2009, quando a vítima entrou com a ação.
Na sentença, Suely alegou, com
apoio de documentos, ter desenvolvido várias patologias após o acidente,
"que se agravaram com o tempo". Também comprovou que anomalias também
foram constatadas em outros membros da sua família.
O agravamento das doenças, disse
ela, resultou em pedido administrativo de pensão alimentícia, que lhe foi
concedida em fevereiro de 2009 e referendada por laudo médico da Fundação Leide
das Neves. A fundação foi criada pelo governo de Goiás para atendimento das
vítimas do acidente radiológico. No total, Cunha pediu uma indenização no valor
de R$ 300 mil.
No entendimento do juiz, Suely
tem direito à indenização "em função da desestruturação familiar causada
pelo acidente com o césio, violações à sua privacidade domiciliar, com animais
de estimação sendo abatidos, doenças generalizadas, preconceito e estigma
social".
O governo de Goiás, inicialmente
também apontado como réu, foi retirado do processo por não ser "sujeito à
competência da Justiça Federal".
Em 1987, a América Latina viveu seu
primeiro e maior acidente radiológico, quando 20 gramas de césio-137,
presentes dentro de um aparelho de radioterapia desativado, caíram nas mãos de
dois catadores de sucata de Goiânia. O elemento radioativo despertou a atenção
das pessoas por seu brilho azul e logo desencadeou um processo de contaminação.
Um prédio do Instituto Goiano de
Radioterapia destruído e abandonado com um aparelho de radioterapia
desativado foi a causa deste "Chernobyl do Brasil", que foi
classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes
Nucleares. Um aparelho construído em 1950 para tratar câncer virou uma bomba
radioativa, quando dois catadores de ferro velho, sem conhecimento do
perigo, tiraram esse aparelho com quase 20 gramas da substância radioativa, o
césio-137.
Assim começou uma reação em cadeia que
afetou e destruiu avida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo
mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros
contatos com este elemento altamente radioativo.
- A fotografia mostra policiais militares em cordão de isolamento para conter moradores de Goiânia que tentavam impedir o enterro de uma das vítimas do césio-137. (foto: CPDoc JB)
Um dos exemplos mais fortes da segregação sofrida por aqueles que tiveram contato com o Césio 137 foi capturado em uma fotografia que mostra policiais contendo a população goianense, que, com medo da contaminação, tentava impedir o enterro de uma das vítimas na cidade.
Detalhe curioso: uma das soluções que foram cogitadas para o lixo nuclear depois do acidente em Goiânia, que chegou a ser aprovada pelo então presidente José Sarney, era estocar os rejeitos na Serra do Cachimbo, no Pará, em uma área militar próxima à reserva indígena dos Kayapós.
Na sentença inédita, o juiz da 9.ª Vara Federal Euler de Almeida da Silva Júnior determinou que o dinheiro a ser pago deverá ser atualizado com correção monetária de 1% ao mês, a partir de 5 de fevereiro de 2009, quando a vítima entrou com a ação.
O governo de Goiás, inicialmente
também apontado como réu, foi retirado do processo por não ser "sujeito à
competência da Justiça Federal".
Em 1987, a América Latina viveu seu
primeiro e maior acidente radiológico, quando 20 gramas de césio-137,
presentes dentro de um aparelho de radioterapia desativado, caíram nas mãos de
dois catadores de sucata de Goiânia. O elemento radioativo despertou a atenção
das pessoas por seu brilho azul e logo desencadeou um processo de contaminação.
Um prédio do Instituto Goiano de
Radioterapia destruído e abandonado com um aparelho de radioterapia
desativado foi a causa deste "Chernobyl do Brasil", que foi
classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes
Nucleares. Um aparelho construído em 1950 para tratar câncer virou uma bomba
radioativa, quando dois catadores de ferro velho, sem conhecimento do
perigo, tiraram esse aparelho com quase 20 gramas da substância radioativa, o
césio-137.
Assim começou uma reação em cadeia que
afetou e destruiu avida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo
mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros
contatos com este elemento altamente radioativo.
- A fotografia mostra policiais militares em cordão de isolamento para conter moradores de Goiânia que tentavam impedir o enterro de uma das vítimas do césio-137. (foto: CPDoc JB)
Um dos exemplos mais fortes da segregação sofrida por aqueles que tiveram contato com o Césio 137 foi capturado em uma fotografia que mostra policiais contendo a população goianense, que, com medo da contaminação, tentava impedir o enterro de uma das vítimas na cidade.
Detalhe curioso: uma das soluções que foram cogitadas para o lixo nuclear depois do acidente em Goiânia, que chegou a ser aprovada pelo então presidente José Sarney, era estocar os rejeitos na Serra do Cachimbo, no Pará, em uma área militar próxima à reserva indígena dos Kayapós.